sexta-feira, 22 de junho de 2012

ALTAMIRA


                                                                                                                                            

Dizem que “gaivotas em terra é sinal de tempestade”! Vindo de alto mar, Armando Carvalho atracou o seu navio bem no cume da serra de S. Mamede, e partilha com a ondulação serrana o tempo e a arte das suas marés: pintura, miniaturismo e produtor de vinho, provocando uma tempestade de respeito e admiração.
O comandante navega agora por terra firme, conduzindo o seu leme pela ingreme encosta da serra, onde instalou a sua vinha e a sua vida.
Com apenas meio hectare, dividida em diferentes patamares, estão instaladas as tradicionais castas alentejanas: Aragonez, Trincadeira e Alicante Bouschet. Adaptadas às reconhecidas e excelentes condições da serra, tratadas delicadamente como se de um jardim se tratasse, exprimem a verdadeira essência desta terra.
Desta nasce um tinto de cor granada carregada, não muito límpido, deixando a descoberto a sua verdadeira essência e os métodos de produção tradicionais, libertando suaves aromas frutados de frutos vermelhos e vegetal. Na boca é estruturado, equilibrado, de taninos suaves, com um agradável final de boca.
O rosé veste-se de tonalidades rosa-alaranjada, límpido e fresco. Desprendendo suaves aromas vegetais e um frutado muito discreto. É macio e equilibrado na boca, permanecendo uma sensação de frescura, ideal para as quentes tardes de Verão que se avizinham.
Uma produção totalmente artesanal, de dois vinhos com carácter e expressão, que homenageiam generosamente a tradição caseira, e a produção local de vinhos.

Até breve e …bons vinhos!


segunda-feira, 18 de junho de 2012

A emblemática Syrah

Casta de excelência na região francesa de Côtes du Rhone, onde produz vinhos de elevada qualidade, a  syrah encontra-se atualmente dispersa um pouco por todo o mundo marcando presença nas mais variadas regiões vitivinícolas mundiais, nomeadamente Espanha, Califórnia, Argentina e África do Sul e Portugal.

Foi no início do século XIX, pelas mãos dos australianos que a syrah é primeiramente reconhecida, fora da sua terra natal, no entanto à Europa chegaria somente por volta dos anos 80 e fixando-se pontualmente em Espanha (Castilla la Mancha, Penedés e Priorat) e Portugal (Alentejo).

No Alentejo, a syrah tem mostrado uma enorme capacidade de adaptação aos nossos solos pouco férteis e às tórridas tardes de Verão, revelando-se uma mais valia para os vinhos alentejanos.

Produz vinhos robustos, alcoólicos, carregados de cor e tânicos no entanto estes amadurecem e suavizam rapidamente conferindo-lhes a capacidade de serem bebidos desde cedo.

Paralelamente apresentam uma enorme apetência para o envelhecimento em madeira de carvalho, exalando agradáveis aromas a frutos maduros, compotas, chocolate acompanhadas de apontamentos a especiarias.

De cacho médio, o seu bago apresenta uma forte coloração azul escura e forma elíptica. A planta na sua generalidade apresenta um porte médio, e produções regulares. Relativamente a estas últimas, deverão ser controladas sempre que se vise  produção de elevada qualidade.



quinta-feira, 14 de junho de 2012

FUNDAÇÃO EUGÉNIO DE ALMEIDA


 Integrado no curso de certificação de técnicos em Produção Integrada de vinha, o grupo da PRODI, partiu rumo à Fundação Eugénio de Almeida- FEA-Évora. 
Com o objetivo de visitar um produtor que respeitasse e cumprisse as normas de Produção Integrada de Vinha, a escolha recaiu sobre a FEA, empresa que há muito vem sendo referência para técnicos, produtores e consumidores.
 Pelo respeito e conservação do saber tradicional, aliado às mais avançadas técnicas vitícolas: rega, controlo de infestantes e fitossanidade da videira, a FEA, assume um compromisso de produção de vinhos de elevada qualidade, respeitando a natureza, que generosamente lhe oferece as melhores condições de solo e clima.
Ao longo dos seus 450 hectares de vinha, todos os trabalhos são planeados e executados de forma criteriosa, com a finalidade de obter a máxima expressão das castas que assentam sobre estes generosos solos. Maioritariamente compostas por castas nacionais, cerca de dois terços são compostos por variedades tintas, onde se destacam as autorizadas para a produção de DOC Alentejo para a região de Évora: Aragonez, Trincadeira, Castelão e Tinta Caiada. Nas brancas, predominam as tradicionais Síria (Roupeiro), Antão Vaz e Arinto.
Destacando-se pela diferenciação e consciência, de que uma agricultura conservadora é sem dúvida uma mais-valia para esta natureza, que a cada ano nos presenteia com produtos de elevada qualidade, a FEA encontra-se em processo de reconversão para agricultura biológica, tendo atualmente cerca de 45 hectares mantidos sob este método de produção.
Após visita às várias vinhas da FEA a tarde espreita e o calor aperta, fazendo-nos lembrar que está na hora de descansar um pouco.



Termina visita às vinhas, mas não à FEA!
Assim deslocamo-nos ao wine bar da FEA, onde nos deliciamos com um refrescante e agradável “Espumante Bruto- Cartuxa” de 2009.




“Espumante Bruto- Cartuxa” de 2009- Elaborado exclusivamente a partir da casta Arinto, seguindo o método tradicional e posterior estágio em madeira, apresenta-se fino, elegante e equilibrado. Com aromas que fazem lembrar os lacticínios, destacam-se notas de frutos secos e madeira. Na boca “brincamos com as bolhinhas” e deliciamo-nos com as agradáveis nuances a frutos secos.




Entre uma tábua de queijos e enchidos regionais, eis que aparece na mesa o Cartuxa tinto 2008. Adormecidas durante 8 meses no interior da garrafa, as castas Aragonez, Trincadeira e Alicante Bouschet despertam agora numa nova atmosfera. Damos-lhe um tempinho para que possam “respirar”! Libertados os aromas, sentimos suaves apontamentos de frutos vermelhos, acompanhados de uns discretos tons de vegetal. Equilibrado, suave e delicado prolonga-se num agradável final de boca tostado, reflexo do seu estágio em madeira de carvalho.


A tarde termina e é chegada a hora de partir!
O nosso muito obrigado à FEA pela disponibilidade e simpatia com que nos recebeu!

Sobre a Fundação Eugénio de Almeida

Fundada em 1963 pelo Engª Vasco Maria Eugénio de Almeida, a FEA é uma instituição de direito privado e utilidade pública que tem como missão promover o desenvolvimento cultural, social e educativo da região de Évora.
Na sua vertente agrícola a FEA é constituída por diferentes propriedades, produzindo vinhos e azeite, sob denominação de Évora- Alentejo.

Quinta de Valbom




A antiga adega, originalmente Casa de repouso da Companhia de Jesus, é atualmente centro de estágio dos vinhos da FEA.
É também aqui que, desde 1598, no Convento de Santa Maria de Scala Coeli, os monges Cartuxos levam uma vida de solitária de reflexão e oração. Por vezes quando o silêncio se instala dos trabalhos da adega, podemos ouvir os seus cânticos, suaves, harmoniosos que nos remetem a fantasias de outros tempos e locais.
Foi em homenagem aos Monges Cartuxos e ao Convento de Santa Maria Scala Coeli (“escada para o Céu”), que a Fundação apelidou os seus memoráveis vinhos de: Cartuxa e Scala Coeli.
Mais recentemente a Quinta do Valbom é polo de enoturismo, cativando os seus clientes e visitantes com a abertura do Wine Bar. Espaço agradável, simples, elegante onde se podem provar os vinhos e azeites da fundação.

Herdade de Pinheiros

Aqui a paisagem perde-se de vista pelas vastas tonalidades acastanhadas que contrastam com o verde das vinhas.


A Herdade de Pinheiros é agora terra mãe da nova adega. Estrutura majestosa, moderna e extremamente bem equipada, faz face aos 3 milhões de garrafas que a FEA produz anualmente.
Construída a 7 metros de profundidade e equipada com um sistema de frio integral, a adega permite a movimentação e transferência de massas, totalmente por gravidade. O sistema de refrigeração e triagem das uvas encontra-se dividido em várias fases, permitindo uma escolha efetiva das uvas de melhor qualidade.

Marcas

As marcas disponíveis no mercado são: Pêra-Manca, Scala Coeli, Cartuxa, Foral de Évora, EA e o primeiro espumante DOC do Alentejo-Espumante Cartuxa.