Uma aposta ganha
liderada pela autarquia de Vila Nova de Foz Côa
A 2.ª
edição do ‘Festival do Vinho do Douro Superior’ confirmou as credenciais do ano
passado: uma sub-região que está em movimento e tem ainda muito para mostrar ao
mundo dos enófilos e gourmets. A
organização do evento, que acolheu 70 stands
de produtores de vinho e sabores, coube mais uma vez à Câmara Municipal de Vila
Nova de Foz Côa, cidade que se assumiu como a capital do Douro Superior. No
final do certame, que durou três dias, quase 6.000 pessoas passaram pelo ExpoCôa,
um dos ex-líbris da cidade.
Uma
aposta liderada pelo presidente da Câmara, Gustavo de Sousa Duarte, que
reconheceu há anos que o concelho precisava de promover as suas mais-valias,
sendo a maior o vinho, à qual se juntam o azeite e a amêndoa, formando um
triângulo agrícola nuclear da região.
O
facto de empresas de grande prestígio terem começado a investir nesta região –
e falamos de nomes como Quinta do Crasto, João Portugal Ramos | Duorum,
Jean-Michel Cazes, Grandes Quintas, entre vários outros – só veio reforçar esta
ideia. A estes juntam-se outros nomes que há décadas se instalaram no Douro
Superior, como a Sogrape | Quinta da Leda, a Quinta do Vale Meão, a CARM, a
Ramos Pinto, a Symington ou a VDS, entre outros. Com algumas (poucas)
excepções, todos os produtores estiveram presentes e muitas vezes com os
próprios enólogos e proprietários.
O
Douro Superior emerge de algum anonimato que lhe tolheu os movimentos durante
décadas. Um conjunto de factores tem contribuído para mudar esta situação,
colocando a região no mapa dos enófilos. A melhoria brutal nas vias de acesso é
um desses factores: em menos de quatro horas é possível chegar de Lisboa a Vila
Nova de Foz Côa, por exemplo, até porque o viajante pode usar, se o entender,
exclusivamente vias rápidas. A chegada de grandes e reputadas empresas da área
vitícola é outro dos factores. A subida vertiginosa dos preços da terra
agrícola na última década é um indicador seguro de que o Douro Superior está no
bom caminho e a ganhar notoriedade.
Um Festival com várias iniciativas
pararelas
Tal
como no ano passado, o Festival incluiu um conjunto de acções paralelas. Na
sexta-feira, ainda antes da inauguração do evento, ocorreram duas: o 2.º
Concurso de Vinhos do Douro Superior e o colóquio “A Vinha, o Vinho e o
Mercado: Desafios para o Douro Superior”. No primeiro caso relembramos os
grandes campeões em cada uma das categorias: nos brancos venceu o ‘Quinta da
Sequeira Grande Reserva 2011’, de Mário Jorge Monteiro Cardoso; nos tintos a
palma (tal como no passado, mas com a colheita anterior) foi para o ‘Quinta do
Vale Meão 2010’, de Francisco Olazabal; e o ‘Quinta de Ervamoira Vintage 2009’,
da Ramos Pinto, foi considerado o melhor vinho do Porto.
Quanto
ao Colóquio, incluiu sete comunicações e uma mesa redonda. A coordenação
pertenceu a João Afonso, da Revista de Vinhos. Da parte da manhã dois temas em
evidência: “Flavescência Dourada”, por Cristina Carlos, da ADVID, e “Porta
Enxertos, Castas e Clones do Douro Superior”, por António Graça da Sogrape. A flavescência,
uma doença grave da vinha, foi exposta de modo muito preciso e ficou bem claro
que, ou tomamos (todos sem excepção) as devidas providências contra esta nova
ameaça, ou o resultado pode ser muito mais devastador do que aquilo que podemos
imaginar. António Graça, por sua vez, veio mostrar o elevado profissionalismo
da empresa onde desenvolve trabalho. Nas vinhas da Sogrape o futuro é já o
presente: quintas divididas em parcelas específicas de
solo/clima/castas/clones, com o “simples” objectivo de retirar de cada parcela
o melhor que ela tem para dar. A mesa redonda que sondou “50 Anos de
Viticultura Duriense” ficou aquém das expectativas e muito ficou por discutir e
concluir. O limite de tempo e alguma inércia cautelosa deixaram muitas
perguntas no ar.
Da
parte da tarde, foram duas as comunicações. A primeira a cargo de Nuno Borges,
da Adega Cooperativa de Vila Real, que provou que o Douro pertence aos
durienses, esclarecendo que uma adega à beira da falência há uns anos atrás
pode ser hoje um case study. E a
segunda, de Renata Abreu, export manager
da Quinta Nova de Nossa Senhora do Cargo, que ao relatar os pontos fundamentais
(e não foram poucos) da sua experiência a vender o Douro e Portugal nos
mercados externos, não deixou de confessar que por lá ainda se admiram com a
cor branca da sua pele, porque sempre pensaram que Portugal ficava na América
do Sul (!).
O 2.º ‘Festival do Vinho do Douro Superior’
contou ainda com três provas comentadas. João Afonso apresentou vários “Brancos de Terroir
do Douro Superior”, realçando as diferenças entre eles, consoante os variados elementos
geográficos e geológicos. Uma prova interessante e muito participada. No Sábado
à tarde, Nuno Oliveira Garcia, blogger do
“Saca a Rolha” e colaborador da Revista de Vinhos, apresentou magistralmente
vários “Vintages de Quinta do Douro Superior”. Para finalizar nos vinhos, Luís
Antunes, da Revista de Vinhos, mostrou “20 Anos de Grandes Tintos do Douro
Superior”, reunindo um notável conjunto de vinhos, incluindo o Reserva Especial
da Casa Ferreirinha de 1986, ainda em grande forma apesar dos seus quase 27
anos de idade. Participaram vários enólogos que ajudaram a descrever os vinhos
e a contar as respectivas histórias na sua base. Extremamente interessante e a
provar que os grandes vinhos desta região são fantásticos e longevos. Pelo
meio, duas outras iniciativas: destaque para uma prova de “Azeites do
Douro Superior”, ministrada pelo técnico Francisco Pavão, considerado um dos
gurus nacionais nesta área. E ainda um workshop
com o tema “Saber Servir; Vender Melhor”, onde dois técnicos do IVDP ensinaram
uma audiência – sobretudo compostas por profissionais da restauração – a servir
e valorizar o vinho do Porto, especialmente na harmonização deste néctar com a
comida.
O 2.º ‘Festival do Vinho do Douro Superior’ contribuiu
também para levar às quintas um conjunto de líderes de opinião que vão
transportar uma ideia diferente – e mais positiva – dos vinhos e gentes do
Douro Superior, e em especial da sua capital, Vila Nova de Foz Côa. Quinta do
Vale D’Aldeia, Quinta da Sequeira, Quinta das Marvalhas (CARM) e Quinta de
Castelo Melhor (Duorum) foram os quatro projectos visitados pelo grupo de jornalistas
– de imprensa escrita, rádio e televisão –, bloggers,
escanções e compradores que fizeram questão de acompanhar de perto esta edição
do certame.
Para mais informações, contactar, por favor:
Joana Pratas |
Consultoria em Comunicação e RP
(joanapratas@joanapratas.com
ou joanapratas.com@gmail.com; 93 779 00 05)