Míldio
Introdução
O míldio é uma doença criptogâmica causada pelo fungo Plasmopara Viticola, que ataca todos os órgãos da planta: folhas, sarmentos, gavinhas e cachos.
Ainda que não necessite de chuva para o seu desenvolvimento, condições de elevada humidade, conjugadas com temperaturas amenas reúnem o quadro ideal para o seu desenvolvimento.
O seu controlo poderá ser feito, recorrendo a tratamentos fitofarmacêuticos geralmente conjugados com técnicas culturais que privilegiem o arejamento da copa. Tal como todas as doenças, o míldio deverá ser tratado preventivamente.
Sintomas
Nas folhas
Os primeiros sintomas manifestam-se pelo aparecimento de manchas ligeiramente mais claras, na página superior da folha, passando posteriormente para as chamadas “manchas de óleo”. Nas castas brancas as manchas são amarelas, enquanto nas castas tintureiras, o aparecimento dos sintomas revela-se pela presença de manchas vermelhas, distribuídas aleatoriamente por toda a folha.
Estas manchas desenvolvem-se com alguma facilidade, atingindo ao fim de poucos dias dimensões que podem ir aos 50mm de diâmetro, nas folhas mais jovens.
Após vários dias de elevada temperatura, podemos observar na página inferior da folha um enfeltrado branco, correspondente ao desenvolvimento do fungo.
Com o tempo, as manchas de óleo ficam mais amarelas, acabando por necrosar e dar origem a manchas secas distribuídas pela folhagem.
No início do Outono, as manchas necrosam originando peças castanhas distribuídas por toda a folha, a que usualmente, se designa de – Míldio mosaico.
As contaminações com o herbicida paraquato, são muito semelhantes aos do míldio, pelo seu aparecimento de manchas cloróticas distribuídas pela folha.
Pâmpanos
O míldio, quando aparece numa fase inicial do desenvolvimento da videira, pode atacar a zona dos pâmpanos, onde se desenvolve o micélio. Mais tarde necrosam e secam, inviabilizando a produção do ano.
O pâmpano, altera a sua forma, desenvolvendo com uma ligeira curvatura em forma de “S”.
Nos cachos
O míldio pode atacar todos os órgãos do cacho, designadamente o pedúnculo, pedicelos, botões florais, flores abertas, bagos formados.
Antes ou durante a floração, os ataques traduzem-se por um aborto total ou parcial das flores acompanhado por um escurecimento do cacho. Sob estes órgãos aparece uma pubescência esbranquiçada. Se o ataque for intenso pode ocorrer uma má formação dos bagos.
Após a floração os bagos aparecem mal formados podendo ser atingidos pelo seu pedicelo, parando o crescimento e cobrindo-se por uma poeira esbranquiçada.
Os bagos mais maduros são menos sensíveis ao ataque do fungo, no entanto, em ataques próximos do pintor, os bagos ficam cobertos de manchas acinzentadas, que vão progressivamente evoluindo para castanhas. Ocorre simultaneamente uma depressão no bago na zona da infeção, que se torna acastanhada e impede o desenvolvimento natural deste.
Estragos
Ataques muito graves provocam desparra prematura.
Os cachos dão vinho de baixa qualidade
O atempamento é imperfeito, conduzindo a um deficiente rebentamento no ano seguinte.
Condições favoráveis ao desenvolvimento do míldio
- Queda pluviométrica
Os oósporos só germinam após a maturação necessitando de 10 mm de chuva e uma temperatura de 10 °C para germinarem.
- Temperatura
A germinação ocorre a temperaturas mínimas de 10 °C, sendo o seu ótimo entre 18-24 °C.
- Humidade relativa
H.R. ótima: 95%
H.R. mínima: 75-85%
- Recetividade da planta
A planta está especialmente recetiva na fase inicial do seu desenvolvimento, no entanto continua sensível durante todo o ciclo vegetativo. Após o período de folhas abertas, até essa fase, devido ao fato dos estomas se encontrarem fechados e o revestimento piloso da planta ser muito denso os ataques são inexistentes.
As inflorescências são especialmente sensíveis ao ataque do fungo desde o período pré-floral até ao vingamento do cacho. Durante o crescimento do bago até ao pintor a sensibilidade da planta ao ataque do míldio aumenta.
Estratégias de proteção
-Em vinhas excessivamente húmidas o míldio ataca antes dos pâmpanos com 10 cm (7-8 folhas);
-Em terrenos húmidos não é necessária R≥10 mm/24 h;
- Os primeiros tratamentos são muito importantes para a futura evolução do parasita
-A formação de focos primários numerosos e precoces, são mais prováveis com Inverno e início de Primavera chuvosos;
-O primeiro ataque vem do solo e apenas atinge algumas cepas. Para um 2º ataque basta chuva fraca a 20 °C.
-As manchas das contaminações primárias devem ser procuradas nas folhas mais basais das cepas.
Medidas de proteção
- Solos bem drenados dificultam a propagação do fungo;
- Enrelvamento ou não-mobilização permite a entrada no terreno, mesmo em épocas de grandes chuvas;
-Eliminar folhas e ramos ladrões com focos primários;
-Desponta depois da floração e monda precoce de folhas favorece o arejamento;
-Controlar o vigor excessivo das cepas recorrendo a práticas de fertilização e regas equilibradas;
-Utilização de produtos fitofarmacêuticos.
Monitorização
De acordo com os estados de desenvolvimento e os períodos de maior risco de incidência da doença, a monitorização deve ser realizada periodicamente recorrendo a observação visual em simultâneo com a avaliação das condições favoráveis ao desenvolvimento da doença.
Além da observação visual, dados metereológicos ou avisos agrícolas, permitem complementar os dados permitindo uma melhor avaliação da estimativa de risco.
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